sábado, 28 de setembro de 2013

Anel de madrepérola.

De onde vem aquele anel de madrepérola, entre livros ilegíveis e moedas de um tesouro perdido? Do fundo de um oceano, de um vale abissal. Trazido por um animal de vida duvidosa, molusco, peixe, ave marinha,  animal ou planta aquática, substância lisa de nácar foi moldando-se a um dedo. E de dedo em dedo veio  uma aliança. Entre mãos, a cada mão, o nácar aranhava uns dedos e, por oposição, lembrava o desenho das unhas, o fim inesperado das mãos, pra quem sentiu que elas amavam. Que sem fins de mares me trouxeram o liso pálido rosáceo do anel que ficou? Como naveguei e me perdi? Ficou o anel, foram os dedos.  Para me ligar ao mundo que perdi e olhando para ele já quase não o conheço porque quase já não me conheço. Mentira. Da passagem do tom delicado, pele sobre pele sobre pele, rosa branco esmaecido e quase lilás no fundo dágua, passo para a pérola e sei que, lisa, delicada, colorida, mergulhei em um mar e me perdi.

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